segunda-feira, maio 08, 2006

Sem Aproveitamento


Oiço o murmúrio,
Baixo ruído que incomoda
Mente inquieta que reage
Toque de saída,
Dispara a ansiedade,
Não consigo controlar
É mais forte que eu.
Os fins que tenho e quero atingir,
Parecem muros altos
Da fortaleza impenetrável que me encerra…
Esforço-me pouco, assim não chego lá,
Mas vontade é algo que falha
Que não tenho, ou escasseia.
Voar quero mas não consigo sair do chão
Sinto a dor dos que ficam
Ausência dos que partem
Será sempre assim?
“I never battle battles that I can´t handle”

Mas esta é quase que uma derrota assumida!
Porquê pergunto-me
Como puto inocente que pela primeira vez
Cai desamparado e esfola os joelhos…
Será que é para isso que caímos?
Para aprendermos a nos levantar????
Quero chegar mais alto
Mas a subida é íngreme
Um passo para a frente, dois para trás…
Sinto que não te acompanho
Sei que exiges mais
Sei que te empato
Um dia parirás eu sei
Mas tudo é assim
Um dia o vento te trouxe
Como semente a um campo estéril
Amanhã a água te levará
Numa alvorada de verão
Nas finas gotas de orvalho…

A vida é isto,
Pelo menos a minha…

quinta-feira, abril 27, 2006

Noite


A noite inspira-me calma
Noite de cheiro a verão
Agradável, serena,
Estar só, hoje não queria
Mas teve de ser…
O ruído desta hora
Enche a rua de vida própria
Seres da noite que vagueiam
Calçada abaixo, sem destino certo.

Vejo deus ao dobrar da esquina
Em todo o lado,
No mendigo que pede esmola
No miúdo que morre de fome
Na pobre mãe que enterra mais um filho…
Deus de tanta misericórdia e,
De tanta dor.
Teus homens que se matam
Se consomem de sentimentos mesquinhos
Se profanam, se prostram,
Tu criador de tudo, ou assim dizem,
Não vês Teus “filhos” que padecem
Às Tuas vontades de puto mimado????
Ou assim parece!
Sacrilégio? Talvez!
Pouco importa
Amanha também eu padeço
Sem razão, sem qualquer sentido
Como todos ás tuas mãos de carrasco.

A noite inspira-me confiança
Pouca, mas o suficiente para esperar o amanha
A tentar vale a pena viver
Se um dia tudo mudar
Que a noite seja a mesma
Como esta
Mas contigo.

quinta-feira, abril 13, 2006

Procissão da penúria


A fé saiu à rua
Aprumada de luxúria
De cobiça, de escárnio e mal dizer…
Agrupam-se em filas
Desnudam o Cristo que lá vai
Delatam a vida do vizinho
Que cego e surdo não vê, não ouve.
Custa caminhar sem olhar para o lado?
Não se vive sem destruir?
Porquê falar do que não nos compete
Falar do que a outros até compromete…
Porquê?
Bocas de língua bifurcada
Rastejem para sempre seres da terra
Todos vocês que a vós não basta
Vossa vida empoeirada
Repleta dos fantasmas que outros agasta,
É isso que vos alimenta?
Vejam o Cristo que lá vai
Que vos condenou a vida no pó da terra
Como a serpente do paraíso,
Porque a vós todos vos pisarão
E não mais que ao tornozelo dos sãos
Podereis um dia injectar
Todo esse veneno que vos corre nas veias.
Aprendam a viver!
Que o mal dos outros não vos alimente
Deixem que o luar vos lave
Acordem desse torpor da mente
A vida é liberdade
E que a minha acabe onde começa a de mais gente…

Boa Páscoa!

sábado, abril 08, 2006

Bom dia


A luz ainda ténue
Sacode o ar da noite fria
Rompe o opaco crepúsculo,
O orvalho que canta doce melodia
De pequenas gotas pautada,
Lava a cara de uma cidade que acorda
E ainda se espreguiça num último bocejo.
Se há cidades que nunca dormem
A minha repousa quando pode.
Ouço o chilrear dos pássaros
Por entre a neblina que levanta
Um dia em cheio que começa.
Vejo gente que não hesita
Cedo é, mas a vida impõe,
No regaço vai a vontade
Do tem que ser…
Brisa que me acorda
Nesta nova aurora,
No ar
Cheiro de pão fresco,
Da flor que se vira ao sol,
Da manha que emana
Aromas do meu mundo.
Não vejo nuvens
Apenas o azul de um céu infinito
De um dia que nasceu puro
Que nasceu belo.
Hoje não quero mágoa
Hoje não vai chover,
Hoje não vou chorar!

A todos muito BOM DIA!

A mim e outros como eu,
Boa noite, bom descanso…

terça-feira, abril 04, 2006


Procuro padrões nos rostos que passam,
Sequencias lógicas de conceitos
Algo que explique o porquê da ignorância.
Quantos não queriam ter mais sorte?
Desacatos simples sem causa aparente
Para alem da clara falta de saber…
Encho-me de maus sentimentos
Disparo em todas as direcções
Acerto onde quero mas principalmente
Onde não quero, em quem não quero.
Será sina magoar os que amo?
Perder-me em pensamentos
De puro deleite maléfico
Nada mais quero,
Apenas uma oportunidade
Para de uma mordida só
Depositar todo o veneno que tenho acumulado.
Ver desprezível presa contorcer-se no chão
Quero ver o seu sofrimento quer vê-la padecer.

Já terei um lugar guardado na casa de Lúcifer
Mas para lá irei contente, satisfeito,
Pago a renda adiantada, como bom inclino,
Serei mau? Será que é isto o que apenas sou?
Mau!
Hoje e isto que sinto
Vontade de magoar, maltratar,
Os que me questionam sem razão
Os que me queimam com palavras acidas
Que acendem a fogueira da minha inquisição…
Quero vingar-me, vou vingar-me.

“…se somos bons nunca se lembram,
mas se somos maus nunca nos esquecem…”

terça-feira, março 28, 2006

Minha Gueixa


O sol rompeu no limiar dos céus
Como gueixa que se insinua
E dança por detrás do biombo de nuvens,
Seduz – me como homem que anseia seu toque
O calor que alenta mais um dia.
De gestos leves, delicados,
Raios de luz ténue, morna,
Que aquece a alma, pouco mais…
O vento quase que seu dono,
Hoje mais frio,
Corta-me o rosto,
Proxeneta sagaz aguarda o lucro
Não a deixa abusar do seu poder
De dama sedutora, sol que não se impõe.
Quero os dias de calor puro
Em que tudo é desejo
Quero a minha gueixa só para mim
Sem intermediários, sem preços,
Quero o sol brilhante de um dia quente de verão,
Sem receios, sem medos,
Deixar-me levar nos teus braços
Adormecer a meio da tarde
Cansado, extenuado,
Depois de tanto te amar
Sinto a falta do teu corpo colado ao meu
Os cheiros misturados
Aromas de prazer, suor de puro gozo,
Quero sentir o teu toque
Como raio de sol que agora filtrado,
Não me satisfaz.
Quero os dias de amor
Os dias que só tu me dás.
Quero-te agora aqui comigo!

Jamais não te ter,
Onde tu fores eu irei contigo
Alheio pareço, mas é defesa,
Não é por não sentir,
Apenas sou assim.

Eu sei que não sou simples
Um insensato talvez, mas acredita…

Amo-te!

terça-feira, março 21, 2006

Parar o tempo


Já quis parar o tempo,
Suster as águas,
Soprar contra o vento…
Louco fui enquanto acreditei!
Mas um pouco mais feliz por certo!
Imagino um instante fixo
O mundo bloqueado numa fracção de nada
O som abafado que deixa de se propagar
No vácuo que criei,
Gestos presos no meio de uma qualquer acção
Que agora pouco importam
Pois eu sou o senhor do tempo.
Silencio, inércia, ausência.
Altero o destino
Pequenas correcções
Quase que imperceptíveis
Mas pejadas de objectivo
Tornar o que me rodeia um pouco mais perfeito,
Ou não, mas de certeza
Um pouco mais a minha imagem,
Um pouco mais meu…
Homem invejoso seria
Mas que importa isso
Afinal aqui por esta nossa terra
Anda meio mundo a frustrar outro meio
A questão é: Estar no meio certo!!!
Desperto para a mais dura das realidades
A minha, e a de todos os que nada podem fazer,
Contentar-me será uma boa opção
Afinal tem coisas que não foram feitas para serem alteradas
Portas que existem para não serem abertas
E se o forem apenas serão usadas uma unica vez,
Numa viagem só de ida…
O tempo seguirá o seu propósito,
Contar-se e pior que isso
Ser contado.
Por mim, por ti…
Apenas posso tentar doseá-lo
E aproveita-lo a cada segundo.

Porque um dia tudo será infinito
E o tempo perderá a sua conta
Deixarei de caminhar contra ele
Mas a seu favor…
Porque um dia tudo será para sempre!

segunda-feira, março 13, 2006

Marcha Fúnebre


Pela janela vejo o velório que passa
O céu escuro que chora
A minha falta de esperança.
O desânimo mata cada pedacinho de mim
Até à mais ínfima réstia de força.
Um passo para a frente a tentar chegar
Dois para trás, sinto-me desesperar.
Pouco é o que me resta
Já muito tentei
Mas na balança do mundo
O contrapeso não esta para mim…
Em marcha fúnebre sigo,
Acompanho em silencio o tempo,
Que hoje se vestiu como eu
De negro.
Pensamentos rápidos, mórbidos,
Amalgama de tudo,
O que quero e o que não quero
Vejo o falecido
Que encabeça a procissão,
Jeito triste na face dos que o levam,
Que deus te acolha,
Se é que existe algum…
Segue em ombros na fria caixa
Até a uma próxima morada.
Olho de novo pelo reflexo da janela,
Sinto medo, fujo, escondo-me,
Nao quero acreditar,
Tremo debaixo do cobertor
Como pequeno medroso de outros tempos,

Reconheci o coitado sonolento,
Era eu…

terça-feira, fevereiro 28, 2006

Silencio


A magia perde-se a cada segundo
Cada momento a mais
Arrasta o que já foi
Para o que nunca mais será…
O silencio que me atrapalha
Quando a dois não sei o que falar
É agora apenas o que preciso
Para me encontrar, tentar voltar.
Preciso da solidão
Do recanto escondido, a sós,
Minha alma exposta a si mesma
Nada mais, apenas eu,
Quero estar só, reflectir
Afastar os demónios antigos
Lembranças passadas de más escolhas
Que irremediavelmente
Antecipam maus futuros.
Quero ficar aqui,
Embalado por este ritmo lento,
Melodia muda,
Quero ouvir
O cântico do meu silencio.


segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Destino

O que é preciso para ser grande?
Para ser melhor? Para ser o quero ser?
Sinto raiva a pulsar-me no corpo
O ódio que me sinto
Por esta apatia,
Por esta estupidez que não entendo…
Será o meu destino?
Ser um inútil ou quase?
Se for que venha ele
E dele não vou fugir
Para quê?

Servo -…senhor esta manha no mercado senti um toque nas costas por entre a multidão, quando me voltei era a Morte, ela fez-me um gesto ameaçador, tive medo e fugi…
Senhor por favor empresta-me um cavalo para fugir ate Bagorah, a próxima cidade, e por lá passe a noite a fim de evita-la, à senhora do ultimo beijo.

Amo – Assim seja, leva o cavalo, volta amanha.

Amo - Então tu Morte assustaste o meu servo esta manha no mercado, ele contou-me que lhe fizeste um gesto ameaçador!

MORTE
– Ameaçador?! Não! De surpresa!

Amo
– De surpresa?! Então porquê?

MORTE – Porque não esperava ver o teu servo esta manha no mercado, pois tenho um encontro marcado com ele esta noite em Bagorah…”

Será que a vida é o que faço dela
Ou o que ela faz de mim?