quarta-feira, maio 19, 2004

Sopro de Vida

Já passou tempo desde que tudo mudou,
As lágrimas secaram à pressa
E por estranho que pareça ainda respiro…
Sinto-me mais vivo até,
Tão vivo que por vezes tento aspirar de uma só vez,
Toda a alegria que me rodeia.
Os dias eram cinzentos, tristes, tétricos, de tormenta…
Os dias mudaram e eu também.
Olhei-te na ponta do balcão calma, confiante, cordial.
Por momentos ainda hesitei mas nos teus olhos
Ardia o fogo da vida,
A chama que em mim se apagara outrora,
Que gelara com o frio silêncio.
Trocamos impressões, gestos suaves de harmonia aparente,
Implícitos olhares de quem já se notara mas resistira.
Equações que se resolviam em palavras simples.
As equivalências dos sinais contrários
Anulavam a dor de restos divididos.
Precipitamos a conversa de mais dias.
Nossos sorrisos misturavam-se no ar
Soltos, simples, sinceros.
Íntimos segredos que nem notamos partilhar
Flutuavam num emaranhado de novos cheiros.
Ousei desvendar teu mundo e tu deixaste,
Ousei ser feliz e tu ajudaste
Ousei fazer-te feliz e tu notaste, notas e notarás.

Olho para trás e revejo os dias que não passaram
Aqueles que arquivei sem classificação,
Sem qualquer nota de vida, de existência…
Apenas olho o hoje o agora, o que realmente importa.
Quem realmente importa.

Presumo que saibas de quem falo
Ainda hoje to disse,
Uma vez, duas, até entenderes o direi.
Longe vai a tristeza, a dor, a incerteza,
Aqui fico com teu beijo, teu doce gesto de vida.

BR

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