terça-feira, março 28, 2006

Minha Gueixa


O sol rompeu no limiar dos céus
Como gueixa que se insinua
E dança por detrás do biombo de nuvens,
Seduz – me como homem que anseia seu toque
O calor que alenta mais um dia.
De gestos leves, delicados,
Raios de luz ténue, morna,
Que aquece a alma, pouco mais…
O vento quase que seu dono,
Hoje mais frio,
Corta-me o rosto,
Proxeneta sagaz aguarda o lucro
Não a deixa abusar do seu poder
De dama sedutora, sol que não se impõe.
Quero os dias de calor puro
Em que tudo é desejo
Quero a minha gueixa só para mim
Sem intermediários, sem preços,
Quero o sol brilhante de um dia quente de verão,
Sem receios, sem medos,
Deixar-me levar nos teus braços
Adormecer a meio da tarde
Cansado, extenuado,
Depois de tanto te amar
Sinto a falta do teu corpo colado ao meu
Os cheiros misturados
Aromas de prazer, suor de puro gozo,
Quero sentir o teu toque
Como raio de sol que agora filtrado,
Não me satisfaz.
Quero os dias de amor
Os dias que só tu me dás.
Quero-te agora aqui comigo!

Jamais não te ter,
Onde tu fores eu irei contigo
Alheio pareço, mas é defesa,
Não é por não sentir,
Apenas sou assim.

Eu sei que não sou simples
Um insensato talvez, mas acredita…

Amo-te!

terça-feira, março 21, 2006

Parar o tempo


Já quis parar o tempo,
Suster as águas,
Soprar contra o vento…
Louco fui enquanto acreditei!
Mas um pouco mais feliz por certo!
Imagino um instante fixo
O mundo bloqueado numa fracção de nada
O som abafado que deixa de se propagar
No vácuo que criei,
Gestos presos no meio de uma qualquer acção
Que agora pouco importam
Pois eu sou o senhor do tempo.
Silencio, inércia, ausência.
Altero o destino
Pequenas correcções
Quase que imperceptíveis
Mas pejadas de objectivo
Tornar o que me rodeia um pouco mais perfeito,
Ou não, mas de certeza
Um pouco mais a minha imagem,
Um pouco mais meu…
Homem invejoso seria
Mas que importa isso
Afinal aqui por esta nossa terra
Anda meio mundo a frustrar outro meio
A questão é: Estar no meio certo!!!
Desperto para a mais dura das realidades
A minha, e a de todos os que nada podem fazer,
Contentar-me será uma boa opção
Afinal tem coisas que não foram feitas para serem alteradas
Portas que existem para não serem abertas
E se o forem apenas serão usadas uma unica vez,
Numa viagem só de ida…
O tempo seguirá o seu propósito,
Contar-se e pior que isso
Ser contado.
Por mim, por ti…
Apenas posso tentar doseá-lo
E aproveita-lo a cada segundo.

Porque um dia tudo será infinito
E o tempo perderá a sua conta
Deixarei de caminhar contra ele
Mas a seu favor…
Porque um dia tudo será para sempre!

segunda-feira, março 13, 2006

Marcha Fúnebre


Pela janela vejo o velório que passa
O céu escuro que chora
A minha falta de esperança.
O desânimo mata cada pedacinho de mim
Até à mais ínfima réstia de força.
Um passo para a frente a tentar chegar
Dois para trás, sinto-me desesperar.
Pouco é o que me resta
Já muito tentei
Mas na balança do mundo
O contrapeso não esta para mim…
Em marcha fúnebre sigo,
Acompanho em silencio o tempo,
Que hoje se vestiu como eu
De negro.
Pensamentos rápidos, mórbidos,
Amalgama de tudo,
O que quero e o que não quero
Vejo o falecido
Que encabeça a procissão,
Jeito triste na face dos que o levam,
Que deus te acolha,
Se é que existe algum…
Segue em ombros na fria caixa
Até a uma próxima morada.
Olho de novo pelo reflexo da janela,
Sinto medo, fujo, escondo-me,
Nao quero acreditar,
Tremo debaixo do cobertor
Como pequeno medroso de outros tempos,

Reconheci o coitado sonolento,
Era eu…