quinta-feira, abril 27, 2006

Noite


A noite inspira-me calma
Noite de cheiro a verão
Agradável, serena,
Estar só, hoje não queria
Mas teve de ser…
O ruído desta hora
Enche a rua de vida própria
Seres da noite que vagueiam
Calçada abaixo, sem destino certo.

Vejo deus ao dobrar da esquina
Em todo o lado,
No mendigo que pede esmola
No miúdo que morre de fome
Na pobre mãe que enterra mais um filho…
Deus de tanta misericórdia e,
De tanta dor.
Teus homens que se matam
Se consomem de sentimentos mesquinhos
Se profanam, se prostram,
Tu criador de tudo, ou assim dizem,
Não vês Teus “filhos” que padecem
Às Tuas vontades de puto mimado????
Ou assim parece!
Sacrilégio? Talvez!
Pouco importa
Amanha também eu padeço
Sem razão, sem qualquer sentido
Como todos ás tuas mãos de carrasco.

A noite inspira-me confiança
Pouca, mas o suficiente para esperar o amanha
A tentar vale a pena viver
Se um dia tudo mudar
Que a noite seja a mesma
Como esta
Mas contigo.

quinta-feira, abril 13, 2006

Procissão da penúria


A fé saiu à rua
Aprumada de luxúria
De cobiça, de escárnio e mal dizer…
Agrupam-se em filas
Desnudam o Cristo que lá vai
Delatam a vida do vizinho
Que cego e surdo não vê, não ouve.
Custa caminhar sem olhar para o lado?
Não se vive sem destruir?
Porquê falar do que não nos compete
Falar do que a outros até compromete…
Porquê?
Bocas de língua bifurcada
Rastejem para sempre seres da terra
Todos vocês que a vós não basta
Vossa vida empoeirada
Repleta dos fantasmas que outros agasta,
É isso que vos alimenta?
Vejam o Cristo que lá vai
Que vos condenou a vida no pó da terra
Como a serpente do paraíso,
Porque a vós todos vos pisarão
E não mais que ao tornozelo dos sãos
Podereis um dia injectar
Todo esse veneno que vos corre nas veias.
Aprendam a viver!
Que o mal dos outros não vos alimente
Deixem que o luar vos lave
Acordem desse torpor da mente
A vida é liberdade
E que a minha acabe onde começa a de mais gente…

Boa Páscoa!

sábado, abril 08, 2006

Bom dia


A luz ainda ténue
Sacode o ar da noite fria
Rompe o opaco crepúsculo,
O orvalho que canta doce melodia
De pequenas gotas pautada,
Lava a cara de uma cidade que acorda
E ainda se espreguiça num último bocejo.
Se há cidades que nunca dormem
A minha repousa quando pode.
Ouço o chilrear dos pássaros
Por entre a neblina que levanta
Um dia em cheio que começa.
Vejo gente que não hesita
Cedo é, mas a vida impõe,
No regaço vai a vontade
Do tem que ser…
Brisa que me acorda
Nesta nova aurora,
No ar
Cheiro de pão fresco,
Da flor que se vira ao sol,
Da manha que emana
Aromas do meu mundo.
Não vejo nuvens
Apenas o azul de um céu infinito
De um dia que nasceu puro
Que nasceu belo.
Hoje não quero mágoa
Hoje não vai chover,
Hoje não vou chorar!

A todos muito BOM DIA!

A mim e outros como eu,
Boa noite, bom descanso…

terça-feira, abril 04, 2006


Procuro padrões nos rostos que passam,
Sequencias lógicas de conceitos
Algo que explique o porquê da ignorância.
Quantos não queriam ter mais sorte?
Desacatos simples sem causa aparente
Para alem da clara falta de saber…
Encho-me de maus sentimentos
Disparo em todas as direcções
Acerto onde quero mas principalmente
Onde não quero, em quem não quero.
Será sina magoar os que amo?
Perder-me em pensamentos
De puro deleite maléfico
Nada mais quero,
Apenas uma oportunidade
Para de uma mordida só
Depositar todo o veneno que tenho acumulado.
Ver desprezível presa contorcer-se no chão
Quero ver o seu sofrimento quer vê-la padecer.

Já terei um lugar guardado na casa de Lúcifer
Mas para lá irei contente, satisfeito,
Pago a renda adiantada, como bom inclino,
Serei mau? Será que é isto o que apenas sou?
Mau!
Hoje e isto que sinto
Vontade de magoar, maltratar,
Os que me questionam sem razão
Os que me queimam com palavras acidas
Que acendem a fogueira da minha inquisição…
Quero vingar-me, vou vingar-me.

“…se somos bons nunca se lembram,
mas se somos maus nunca nos esquecem…”