segunda-feira, junho 28, 2004

Cuidado...

Não consigo dormir,
Não sei que se passa,
Talvez porque me chegaram rumores
De outros tempos, que sem querer,
Remexem no entulho de uma antiga rua,
Por onde um dia minha alma vagueara.
Não que me faça relembrar com saudade,
Pelo contrario, até receio,
de tudo ver de novo acontecer
com alguém que prezo,
um “rato” amigo cá da vizinhança.
E que esse pobre “rato”,
Sabendo eu manhoso e sabido
Não esteja preparado, mesmo assim,
Para futuro tão duro bote.
Gostava de estar errado, oxalá esteja,
Talvez seja eu com uma visão pessimista
E até azeda de um veneno menos doce
Que se me injectara no corpo, na vida.
Espero que a razão me atraiçoe, sinceramente espero…
Fica atento pequeno “rato”,
Nas cores da serpente mora o eterno feitiço,
O canto da sereia que ilude o pescador ate aos rochedos,
Que te puxa até ás mandíbulas da víbora
Para um ultimo sorriso, um ultimo beijo.
Eu sei que não é fácil ver com os olhos
Quando observamos com o coração…
Fica atento pequeno “rato”!

BR

quinta-feira, junho 17, 2004

Com Tempo

Mais um objectivo com data marcada,
Nova cruzada contra o tempo
Que cavalga desenfreado contra si mesmo.
Desta vez algo mudou
Garanhão bravo de passo arisco,
Hoje seguro as tuas rédeas, selvagem animal
Que corres sem parar…
Garanto o controlo sobre a negra fera
Que me rouba em cada instante
Escassos e preciosos momentos de uma vida
Que como todas caminha para o fim,
Só não parece se aperceber disso…
Segundos que desaparecem ao piscar de olhos,
Respiro uma vez mais e outros tantos já se foram…
Mas hoje controlo o tempo,
Não o posso parar por mais que queira, mas
Sinto-me bem, hoje tenho tempo, ou melhor
Hoje ele escapa-me de forma consentida, premeditada até.
Sensação de poder, mais do que isso
O prazer de ter acabado mais uma etapa,
Desta vez com tempo, antes do tempo…
Recupero o fôlego, e continuo,
Gerindo em mão firme e atenta
As rédeas do puro sangue
Que cavalga ansiosamente
até ao fim dos meus, teus, nossos dias…

(hoje apeteceu-me mostrar que também consigo chegar com tempo)

BR

quinta-feira, junho 10, 2004

Aprendo o Simples

Olho a folha em branco
E atento na pureza do simples.
As linhas da tristeza antiga já não se lêem.
Desbotaram folha fora
Depois de tantas lágrimas vertidas…
Confuso passado de que agora me rio.
Hoje igualo dois termos na minha vida
Felicidade e simplicidade.
Ás vezes complicamos o que não devíamos,
Quase que como um a habilidade
Que aprendemos ainda novos,
E depressa se torna um vício enraizado no nosso ser.
Os dias passam e tu ensinas-me a beleza do simples,
Mostras-me um mundo diferente do que vivi,
Tanto tempo, Quanto tempo…
Mas o importante é o agora,
Afinal “…Só há dois dias em que nada se pode fazer:
O ontem e o amanha…”
Hoje sou teu e em mais nada quero pensar.
Tu bastas-me para afastar todos os fantasmas,
Todas as meias verdades que alimentaram o meu passado.
Durante tanto tempo… Quanto tempo…
E tudo para quê???
Se para nascer de novo é preciso primeiro morrer,
Para ser feliz é preciso primeiro sentir a dor,
Será a essa a razão?
Se for, valeu a pena…
Tudo faria de novo se soubesse que hoje estaria assim,
Simplesmente feliz,
Aqui contigo.

BR

terça-feira, junho 01, 2004

Missão quase impossivel

Será assim tão difícil?
Por vezes o instinto humano
Torna isto quase impossível…
Se um dia Outro partilhara com doze o seu atroz destino,
Hoje eu partilho convosco,
Cinco novos apóstolos deste meu testamento,
De amizade, amor,
Desta imensurável felicidade que se nos apruma.
Se as minhas mãos fechasse agora
As vossas sentiria,
Transmitiam-me o calor dos vossos corações…
Calor de puro sentimento
Que instinto humano algum ousará um dia arrefecer!
Será assim tão difícil?
Deixar as mesquinhices de lado,
Aquelas cruéis mas implícitas características
Que nos tornam tão exíguos,
Tão tristemente humanos…
Hoje descobri que as vezes é possível,
Alias, possível seria todos os dias,
Se todos os dias alguém se lembrar
Que não andamos sozinhos,
Que a vida foi feita para ser partilhada,
Aproveitada, vivida com todos e para todos.

Será assim tão difícil?
Eu acho que não…

BR