Noite

A noite inspira-me calma
Noite de cheiro a verão
Agradável, serena,
Estar só, hoje não queria
Mas teve de ser…
O ruído desta hora
Enche a rua de vida própria
Seres da noite que vagueiam
Calçada abaixo, sem destino certo.
Vejo deus ao dobrar da esquina
Em todo o lado,
No mendigo que pede esmola
No miúdo que morre de fome
Na pobre mãe que enterra mais um filho…
Deus de tanta misericórdia e,
De tanta dor.
Teus homens que se matam
Se consomem de sentimentos mesquinhos
Se profanam, se prostram,
Tu criador de tudo, ou assim dizem,
Não vês Teus “filhos” que padecem
Às Tuas vontades de puto mimado????
Ou assim parece!
Sacrilégio? Talvez!
Pouco importa
Amanha também eu padeço
Sem razão, sem qualquer sentido
Como todos ás tuas mãos de carrasco.
A noite inspira-me confiança
Pouca, mas o suficiente para esperar o amanha
A tentar vale a pena viver
Se um dia tudo mudar
Que a noite seja a mesma
Como esta
Mas contigo.