sábado, janeiro 31, 2004

Dá que pensar...

Os dias vão passando a grande velocidade, uns piores outros nem tanto. O importante e que teimo em dar a volta, já o fiz antes acho que sou capaz de o fazer uma vez mais. Tem que ser, subir o monte e olhar o céu, cada batalha é assim, mas ainda sinto saudades. O céu negro da noite ainda reflecte o verde dos teus olhos, um verde tão puro, tão belo, tão... letal...

Tenho pensado muito na lógica das coisas, ou pelo menos da lógica que elas têm para mim.
De que vale ponderar tanto sobre certas decisões, ponderar sobre algo que devemos ou não fazer, tantas duvidas que se nos deparam, tanto tempo perdido num "se calhar", tantos planos, para em segundos tudo perdermos, para em segundos ser-mos ceifados pela grande foice da imprevisivel mas certa, figura da morte.
Onde está a lógica disso? Para quê cultivar-mos em nós tão grandes campos de sentimentos, de saber, cultura, distincões entre o certo e o errado, bem e mal, se no fim todos esses campos cerão ceifados e lavrados como todos os outros...

Dá que pensar...

É por isso que teimo em recomeçar, teimo em dar atenção aos que me rodeiam, ser feliz nem que por breves instantes, sem culpas, sem muito pensar. Parece que ainda ontem sentia o teu rosto, sentia o toque das nuvens que se desfaziam por entre os meus dedos, sempre que me fazias sonhar e chegar lá acima. Não me arrependo de um unico segundo que passei contigo, tudo repetiria se fosse preciso, mesmo sabendo que no fim o resultado seria o mesmo, eu aqui tu aí, quase como num "dejavu" premeditado, mas cheio de bons momentos que vou guardar só para mim.
Prometi a mim mesmo tentar ser feliz, levantar a cabeça, e gozar a vida, amar novamente, sentir aquele arrepio do desejo, aquela imensa vontade de estar com alguém, nem que por breves instantes, afinal a vida dá tantas voltas... tenho mesmo é que aproveitá-la e vivê-la cada dia, sobre aquela linha ténue que separa o aqui e agora de um futuro que de certo apenas tem a visita de tão negra figura.

"... So take, these broken wings
I need your hands to come and heal me once again
So I can fly away, until the end of time
Until the end of time..."

B R

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Miki

Com cinco letras se escreve Féher
Um lutador por excelência
Que apenas perdeu uma vez
E na maior das lutas, a da vida.
24 anos tão novo, quem diria,
Ficou-nos uma lembrança,
Um sorriso, irónico é certo
Mas a ironia fez parte da sua vivência,
Que a morte, palavra com cinco letras,
Mostrando-lhe o cartão vermelho roubou,
Não lhe dando sequer mais 24 horas,
Atingiu-o com uma seta invisível
E assim a força se transformou em fraqueza,
Caiu prostrado, no campo,
Onde teve as suas maiores alegrias,
Deixando-me agora um sentimento de revolta
E uma questão, porquê???

JR

domingo, janeiro 25, 2004

Sem Gota

Estou na reserva... A luzinha irritante da gasolina ja está acesa, preciso de parar para me reabastecer...

Ando ao sabor do vento, sem rumo, sem objectivo, tou cansado não sinto o corpo, não sinto nada em mim, e pior de tudo, não te sinto...
Faço planos na minha cabeça na esperança de me sentir mais util, mais activo, mas, no final destes dias que passam so resta isto, este projecto estagnado a que chamo eu.
Saio, vejo gente, tento absorver dos amigos aquilo que me faz falta, o combustivel para andar mais um pouco, o necessário até á proxima estação de serviço.

Ainda me lembro quando era miúdo e em dias de chuva, dias que eu adoro, parava junto da janela e observava as gotas descerem pelo vidro... Era capaz de passar horas naquilo, fazia apostas ficticias, em corridas imaginárias, na mais rápida gota de água a descer o vidro... Bons tempos em que conseguia tal feito de abstracção.
Longe de mim pensar sequer que leis da fisica exlicavam aquele ritual, loge de mim pensar que em cada goticula não existia um pequeno piloto que a conduzia vidro abaixo, nunca tinha ouvido falar na gravidade, a grande organizadora daqueles grandes prémios.... a mesma que hoje me impede de decolar rumo ao infinito, pelo menos no que diz respeito ao corpo, porque cá dentro já não mora ninguém, parti há uns tempos e apenas dexei na porta um bilhete: "Fui tomar café....a Marte..."

Acho que nem mesmo eu sei bem porquê tanta apatia, tanto desanimo, talvez porque me deixaste ao esquecimento, talvez porque há alturas em que realmente seja preciso parar, ou pior, porque no fundo não passo de um fraco que não te consegui dizer a tempo que te amo, e que deste uma nova conotação a tal palavra que jazia esquecida no meu dicionário....
Quem me dera um pouco mais de combustivel para fazer mais uns kilometros e te poder dizer isso pessoalmente.

Estou na reserva... A luzinha irritante da gasolina ja está acesa, preciso de parar para me reabastecer...


B R

quinta-feira, janeiro 15, 2004

Desabafos

Quem me dera ser uma folha de árvore,
que ao cair não sabe qual o seu destino,
que vagueia ao sabor do vento,
não sabendo o rumo do seu voo,
em busca do desconhecido...

Gostava de ser frio como o gelo,
negar o sentimento,o coração,
ser assim tão forte, tão sólido,
pensar, dar lugar á razão,
para acabar com esta dor inexorável.

Porém, o gelo também sofre,
quando aparece uma chama,
chora mil lágrimas ao derreter,
a sua solidez desmorona-se,
dando aspecto de fraqueza.

E as folhas das árvores,
também estão presas a estas;
quando o vento se inibe e cessa
elas estatelam-se no solo,
morrem, e são enterradas por toda a gente.

JR

sábado, janeiro 10, 2004

Ó Rua...

Passeio uma vez mais pela rua nua fora...
Através da neblina da vida...
Procurando o elixir da felicidade,
Que tarda em me encontrar.

E apenas a rua, seus braços me estende,
Estabelecendo comigo uma amizade,
Pois todos os dias nos encontramos,
Mantendo um diálogo, de espécie muda.

Tu não mudas ó rua, ainda bem!!!
Eu falo, tu ouves com atenção,
Ofereces-me sempre alternativas,
Para onde posso fugir.
Pode ser para a frente,
Ora à esquerda, ora à direita,
E só tu, ó rua, me ofereces a oportunidade,
De voltar para trás, havendo
Assim, lugar para o arrependimento...

JR

sexta-feira, janeiro 09, 2004

Metropolitano

Estou sem força... Não tenho vontade para nada. Acho que ja acordei assim, alias acho que ultimamente vivo nessa condição, sem vontade para nada...
Vejo-me como um metropolitano, cujas as carruagens vão cheias de vazio, sigo no trilho, sempre em frente, sempre a espera de encontrar luz no fim do tunel.
Repito paragens, cruzo gente que nao embarca...

Estranha sensação esta, de incapacidade tecnica pra fazer seja o que for. Perco-me em designios mentais que invento para justificar esta apatia. O tua ausencia tambem nao ajuda, a musica parece tocar, mas aqui no meu mundo apenas este barulhento silêncio me incomoda....
Faço por nao pensar em muita coisa, mesmo que quisesse tambem nao conseguia. Nem para pensar me sinto capaz. Fico quieto, quase consigo sentir as vibrações do pulsar do meu coração, que acelerado bate, sempre que o meu subconsciente Te invoca... Acede directamente e aparentemente sem dificuldade a doces memorias que guardo numa caixa especial, de abertura e acesso fácil, mesmo para os dias como este, em que sigo forçado, neste tunel sem fim...

Olho mais uma vez o "intercomunicador espacial", o mesmo que me liga aos céus numa linha directa de felicidade, sempre que do outro lado estas Tu e ouço a tua voz... Insiste em nao me trazer noticias tuas, insiste em nao me dizer, "... e verdade tambem me lembrei de ti, gostava de te ver : ) ***..." . A resposta e dada dentro do meu cerebro, "... O Anjo que contactou não está de momento disponivel, por favor tente mais tarde...". Talvez te mande um email com todas as saudades que sinto, talvez te encontre e te beije, padeçendo de uma "overdose" de amor e extase... Ou talvez não... E guarde para mim todas as cartas que nao te escrevo...

A minha agenda grita com o passar dos dias, avisa-me que o tempo nao parou. Por cada folha que cai é mais um dia que se riscou, mais um dia a menos numa época em que não se pode parar...

Repito paragens, cruzo gente que nao embarca...

B R

terça-feira, janeiro 06, 2004

Descrença

Este corpo, corrompido pelo cinzento nublado
vindo da imensidão da minha tormenta;
tristeza que não passa, monotonia que continua
e me destrói ao longo deste tempo urgente.
Olho ao meu redor e tudo é melancólico,
talvez seja mais um jogo da minha mente,
talvez tudo seja virtual, mas está cá dentro,
sinto-o, para mim é bem real este pesadelo infinito...

Sinto-me só ao lado de gente,
congelado á beira do lume bravo
sombrio á luz de dos raios solares
preso por mil laços invisíveis a esta sociedade podre,
que me transforma e me faz resignar,
a uma vida fora do habitual, alternativa,
tornando-me numa simples marioneta, neste mundo fingido,
onde finjo ser alegre mas choro por dentro
porque tudo é mágoa, é passageiro, é efemero;
excepto este sentimento de descrença
que me vai conquistando até á morte...

JR

domingo, janeiro 04, 2004

Fenix

Ando por aí ao engano, disfarço-me por entre as sombras da rua, fingo não Te ver...
Minto a mim mesmo quando olho o espelho, tentando-me convencer, que ja não és a única flor no meu jardim... O Anjo por quem espero...

Passou o ano, e apesar de rodeado de tanta alegria, de tão bons amigos, faltava algo. Não na festa, não no sitio, mas em mim. Faltava aquela parte de mim que há muito levaste e que teimas em não devolver... também a recuso aceitar.
Naquele primeiro dia do ano em que tudo recomeça, eu quis continuar, e em doze doces desejos, todos os gastei contigo... Chamei por Ti...
Desejei baixinho que em vez de doze, Tu tivesses 365, um por cada dia do ano, e que cada um te reservasse mais felicidade que o anterior, mesmo que em nenhum te lembrasses de mim.

Falei contigo, abriste-me uma porta que sempre quis passar, mas procuro mais... Quero arriscar perder-me no labirinto em que Te encerras, quero Te encontrar e partilhar contigo aquela mesma parte que teimas em guardar...

Tenho pensado, recuso-me a desistir... Nunca o fiz, não quero começar agora...
"A sorte protege os inocentes e os audazes."

Neste ano que se inicia, quero teimar, quero renascer dos escombros do meu espírito e recomeçar. Assim como Fénix renasço das cinzas e caminho num novo sentido, para um novo inicio, para uma nova etapa, alguma que talvez me leva para mais perto de Ti...

"...Desconfio que ainda não reparaste
que o teu destino foi inventado
por gira-discos estragados
aos quais te vais moldando...
E todo o teu planeamento estratégico
de sincronização do coração
são leis como paredes e tetos
cujos vidros vais pisando..."

Talvez um dia te dês conta, e me ensines o caminho até Ti...

B R